Psicoterapia de Confrontação com a Realidade

CONFRONTAÇÃO CONCEPTUAL
Se é uma pessoa que frequentemente confunde as próprias ideias e conceitos com a realidade externa, pois fique sabendo que está vulnerável, que face a uma situação de dor física, maior stress ou sofrimento emocional, terá tendência a se voltar contra si própria, a se automagoar e não a remover as causas desse sofrimento. Para ultrapassar essa fraqueza mental proponho-lhe uma reflexão profunda, proponho-lhe também que contemple a realidade viva, que observe como os outros seres vivos, animais ou plantas, se deslocam e comportam na luta pela vida; como todos os seres vivos, ainda que feridos, ainda que a sofrer intensamente, lutam para se manter vivos,  lutam para prolongar a vida.
O ser humano, assim como todos os restantes seres vivos, foge daquilo que lhe causa medo; não foge do medo propriamente dito, mas sim daquilo que lhe causa medo. Fugir daquilo que lhe causa medo é uma resposta saudável, uma reacção saudável e adaptativa mas, fugir do medo é uma resposta patológica, um sinal de patologia mental. O ser humano não foge do sofrimento mas sim daquilo que lhe causa sofrimento. Fugir daquilo que lhe causa sofrimento é uma resposta saudável e adaptativa enquanto apenas fugir do sofrimento é sinal de patologia mental. Aparentemente, e numa análise superficial, fugir do sofrimento ou daquilo que causa sofrimento parece igual mas, na confrontação com a realidade, fugir do que causa medo ou sofrimento é um comportamento adaptativo e volitivo já que permite sempre a opção de enfrentar e remover a causa desse medo ou sofrimento enquanto fugir, única e estritamente, do medo ou sofrimento é um comportamento patológico já que o medo ou sofrimento são sentimentos e emoções próprios do ser humano e, por conseguinte, fugir desses sentimentos é fugir de si próprio e remover esses sentimentos apenas se consegue removendo o próprio ser humano que os sente.
Na realidade, a vida e o sofrimento não são aspectos ou valores antagónicos: o oposto da vida não é o sofrimento mas sim a morte; o oposto do sofrimento não é a vida mas sim a felicidade ou bem-estar. Acabar com o sofrimento é tornar-se feliz, sentir bem-estar; acabar com a vida é morrer.
A confrontação entre os aspectos conceptuais internos da mente com os aspectos externos da realidade permite adoptar atitudes e comportamentos adaptativos próprios de uma vida continuada e saudável.